FACULDADE
INTERNACIONAL DE CURITIBA – FACINTER
CURSO DE
PÓS-GRADUAÇÃO EM
PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E INSTITUCIONAL
Aparecida de Sousa
Santos
FUNDAMENTOS PARA FORMAÇAO E ATUAÇAO DO PSICOPEDAGOGO
Produção de Conhecimento realizada
como requisito parcial para obtenção de nota do Curso de Pós – Graduação em Psicopedagogia Clínica
e Institucional, sob orientação da Professora Cleonice Sales e Coordenação da
Professora Regiane Banzzatto Bergamo.
Aquidauana – MS
Outubro-2010
FUNDAMENTOS PARA FORMAÇAO
E ATUAÇAÔ DO PSICOPEDAGOGO
Aparecida
de Sousa Santos RU: 469219
INTRODUÇÃO
A produção deste conhecimento intitulado proposta
para a ampliação e o aprofundamento da aprendizagem e dos conhecimentos
abordados neste bloco de disciplinas. Fundamentos da psicopedagoga, teorias da
aprendizagem e formação e profissionalização docente sendo assim, devem
articular teoria e pratica aliadas as especificidades de conteúdos abordados
nestas três disciplinas. Um questionamento leve sobre o que é a psicopedagoga
poderia trazer a tona uma resposta imediatista, identificando facilmente a
constituição da palavra psicologia e pedagogia. Essa analise reducionista do
real significado, omite a perspectiva de interdisciplinaridade da mesma. A psicopedagoga
é uma área de conhecimento e de atuação dirigida pelo e para o processo de
aprendizagem humana seu objeto de estudo é o ser que aprende da realidade, e
constrói o seu conhecimento, aprendendo. Visto que o conhecimento é construído
natural e continuamente pelo sujeito, no seu viver, não sendo exclusividade do
ambiente escolar, já que ocorre simultaneamente com o processo de vida, a psicopedagoga
pode auxiliar varias áreas da atividade humana. As relações dela com o
conhecimento, vinculado à aprendizagem e as significações do ato de aprender,
fazem parte do seu foco de estudo a fim de contribuir para o analise e
reformulação de praticas educativa, ressignificando hábitos e atitudes. Com
isso, teremos algumas idéias e estímulos ao nosso seguir em frente, na busca de
alternativa a subjetividade humana, que aceite as diferenças e trabalhe de modo
onde todos possam estar incluídos na magia do aprender e na magia do ensinar.
FUNDAMENTOS
PARA FORMAÇAO E ATUAÇAO DO PSICOPEDAGOGO.
O estudo referente à psicopedagoga, no Brasil, tem uma historia de
aproximadamente 30 anos, inicialmente dedicados a pesquisa em forma de grupos
de estudos, que refletiam sobre pratica educacional. Na década de 70 os
primeiros cursos na área de psicopedagoga foram oferecidos, mas foi nos anos
90, que estes cursos proliferaram pelo Brasil que tem nas regiões sul e
sudeste, maior demanda de especialização e trabalhos realizados. A ABPP (Associação
Brasileira de Psicopedagogia) teve seu inicio através de um grupo de estudo,
formado por profissionais preocupados com os problemas de aprendizagem. Este
grupo tornou-se a App (Associação paulista de Psicopedagogia), para parti-la de
1980 conquistarmos âmbito nacional. Atualmente, a ABPP, busca o reconhecimento
da profissão, conforme divulgado, o Deputado Federal Barbosa Neto atendendo ao
pedido de algumas psicopedagogas criou o projeto de lei n° 3124/97 que dispõe
sobre o regulamento da profissão de Psicopedagogia e cria conselhos de Psicopedagogia
e determinam outras providencias. A funcionalidade desta profissão que espera
ser reconhecida é aqui tratada de acordo com as habilidades que podem ser
desenvolvidas, nas respectivas áreas de atuação. Segundo Mauco (1959), os
fundadores do primeiro centro procuram como já havia sido tentado entre 1920 e
1928, utiliza os conhecimentos oriundos da psicologia, da psicanálise e da
pedagogia, em auxilio das crianças que tivessem dificuldades de comportamento,
tanto na escola como na família, visando obter, na medida do possível, a sua
readaptação através de um acompanhamento psicopedagogico, melhorando assim a
convivência da criança com seu meio familiar e escolar. Através dessa cooperação Psicologia
Psicanálise –
Pedagogia esperava adquirir um conhecimento total da criança e do seu meio, o
que tornaria possível a compreensão do caso, a ação reeduca Dora poderia ser
determinada e prevista de acordo com a orientação e a gravidade dos distúrbios
da criança.
A falta de conhecimento a respeito das
dificuldades de aprendizagem fez e, ainda faz com que os alunos com
dificuldades sejam encaminhados para profissionais das mais diversas áreas de
atuação. Isso fez com que se criasse uma consciência da necessidade de uma
formação mais globalizante onde uma única pessoa fosse apta para atuar de forma
mais objetiva, eficaz e fazer com que os atendimentos se centralizassem num só
profissional, facilitando o vínculo do aluno com o processo de aprendizagem e assim
resgatar o prazer de aprender. Vê-se então, que o papel da Psicopedagogia, que
é a área que estuda e trabalha com o processo da aprendizagem e suas
dificuldades devem englobar vários campos do conhecimento. O atendimento psicopedagogico
que antes era restrito a clínicas particulares, começa a contribuir aos poucos,
para a diminuição dos problemas de aprendizagem nas escolas e assim reduzir os
altos índices de fracasso escolar.
As escolas, por falta de conhecimento
adequado e por não conseguir solucionar alguns Problemas, por não compreender
as dificuldades dos alunos, acabam discriminando da mesma forma alunos que tem
problemas e não são tratados, não conseguindo então, intervir de forma eficaz.
Segundo Scoz (1992), a grande questão de nossas escolas é encontra caminhos que
possibilitem ao professor a revisão de sua própria prática, a descoberta de alternativas
possível de ação. Isso só será possível se o profissional da educação tiver
acesso às informações das várias ciências, como a Pedagogia, a Psicologia, a
Sociologia, a Psicolingüística, de forma atingir um conhecimento profundo, que
deve ser vinculado à realidade educacional brasileira, possibilitando a visão
global do aluno. Abre-se então, a
questão do papel do psicopedagogo na e para uma determinada instituição, cujas
formas de estrutura e articulação não podem ser ignoradas. No dizer da professora
Bernadete Gatti (1980), a ação educativa se passa num ambiente determinado, historicamente
construído, e seu entendimento é fundamental para a compreensão dos agentes se das
ações educativas e de suas potencialidades.
A partir dessas considerações podemos
concluir que a Psicopedagogia deve estar presente no enfrentamento dos
problemas cruciais da educação brasileira, assumindo uma atuação consciente e
comprometida.
O QUE INVESTIGARAM
SOBRE A PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL
De acordo com Bossa (2000) a questão da
formação do psicopedagogo assume um papel de grande importância na medida em
que é a partir dela que se inicia o percurso para a formação da identidade desse profissional. No
Brasil, do ponto de vista legal, a Psicopedagogia ainda não representa uma
profissão. A maioria dos psicopedagogos formou-seem cursos de Pedagogia ou
Psicologia, e depois de terminar a graduação, completa seus estudos em nível de
especialização em Psicopedagogia - em programas lato sensu regulamentados pela Resolução nº 12/83, de 06.10.83-, e
assim modifica a sua práxis. Mesmo com a especialização terminada, em termos de
conhecimento, o aluno ainda não está realmente habilitado para iniciar sua
atuação, digo isso pela minha própria experiência, pois depois que terminei o
curso de especialização, senti necessidade de, mesmo sozinha, continuar
estudando e me aperfeiçoando. Acredito que a Psicopedagogia tem ganhado espaço
nos meios educacionais brasileiros, pois os profissionais buscam cada vez mais
subsídios para poder melhorar sua prática e assim poder alcançar com
responsabilidade e comprometimento, os estudantes que estão em nossas escolas e
não conseguem aprender. A dificuldade de aprendizagem pode ser uma manifestação
inconsciente ou até mesmo um problema de ensinagem, o que tem relação com a
instituição escolar e não com a criança.
O artigo “A importância do trabalho
psicopedagógico: incentivo institucional e Atendimento às crianças com
dificuldades escolares” de Andréia O.e E.M. (2008) destaca a importância do
trabalho do psicopedagogo e sua área de atuação, seja Ela institucional ou
clínica, focando a prevenção ou a intervenção das dificuldades de aprendizagem.
Apresenta também a experiência realizada na Faculdade de Valinhos que organizou
o laboratório de Psicopedagogia para realizar um programa de atendimento psicopedagogico
às crianças com queixas de dificuldades de aprendizagem, visando aperfeiçoar a
formação do psicopedagogo, oferecendo assim um espaço para que os profissionais
formados por essa instituição pudessem exercer atividades de avaliação, diagnóstico
e intervenção, podendo contar com os materiais necessários e também com
supervisão. Porém o espaço era fora de uma instituição escolar, sem constância
de profissionais e alunos e o psicopedagogo não tinham contato com o ambiente
escolar o que prejudicava sua visão do que realmente acontece dentro de uma instituição.
Em outro artigo, Júlio, Torrezin e Silveira (2005), relatam a experiência. Secretaria
de Educação do Município de Valinhos que no ano de 2004 implantou nas escolas
da rede pública o Programa de Assessoramento psicopedagogico. O relato da
experiência teve o objetivo de mostrar os desafios e os resultados parciais
obtidos nesse programa. Destacam que a implantação de serviços que busquem
atender alunos traz excelentes resultados desde que sejam implantados e
mantidos. Estes autores partilham da opinião de Ferreira (2002), deque a
atuação do psicopedagogo não deve restringir-se ao espaço físico em que atua, mas
também depende de sua atitude psicopedagógica que abrange seu modo de pensar a Psicopedagogia
e o conhecimento que se tem da área. A Psicopedagogia educacional objetiva que
todos os profissionais da educação, considerando diretores, professores e
coordenadores pedagógicos repensem o papel da escola frente às dificuldades da
criança e os vários fatores envolvidos numa situação de aprendizagem. Por outro
lado, crianças com dificuldades de aprendizagem necessitam de atendimento
específico, o que evidencia que em certos casos a escola não consegue resolver
todos os problemas desta ordem sozinha, necessitando de ajuda de um
profissional especializado. Psicologia e da pedagogia – como a simples
decomposição do vocábulo: psicopedagogico,
Essa Quanto à definição de Psicopedagogia é freqüente a junção dos
conhecimentos da compreensão limita e reduz o conceito e não é suficiente para
abarcar e definir toda a ação e a prática psicopedagógica. Segundo Beauclair
(2004)
[…] a
Psicopedagogia é um campo de conhecimento que se propõe a integrar, de Modo
coerente, conhecimentos e princípios de diferentes ciências humanas com a Meta
de adquirir uma ampla compreensão sobre os variados processos inerentes ao
Aprender humano. [...] Interessa à Psicopedagogia compreender como ocorrem os
processos de aprendizagem e entender as possíveis dificuldades situadas neste Movimento.
Para tal, faz uso de integração e síntese de vários campos do Conhecimento,
tais como a psicologia, a psicanálise, a filosofia, a psicologia.
Transpessoal, a
pedagogia, a neurologia, entre outros. (p.42)
Na seqüência,
o autor registra as origens da Psicopedagogia, situando o nascimento da Psicopedagogia
na França, em torno de 1940. Bossa (2000, p.36) afirma que “a preocupação com
os problemas da aprendizagem [a Psicopedagogia, portanto] teve origem na
Europa, ainda no século XXI”. Castanho (2002) julga ser possível localizar a
gênese da Psicopedagogia nas últimas décadas do século XVIII. Foi a partir de
1946, na França, que os chamados Centros Psicopedagógicos ganharam importância
e se multiplicaram com rapidez até o início da década de 1960, ligando equipes
de trabalho “compostas por médicos, psicólogos, pedagogos, psicanalistas e
reeduca dores de psicomotricidade e da escrita” (PERES, p.41). O modelo de Psicopedagogia
diagnóstica com tendência clínica, ao final da década de 1960, passou a ser veemente
questionado por educadores que estavam incomodados com a indiscriminada rotulação
de alunos, sem a menor preocupação com o contexto sócio-educacional. A
Psicopedagogia se espalhou principalmente em países preocupados com o insucesso
Escolar, mas foi na Argentina que ela cresceu e se desenvolveu rapidamente
adquirindo Condição de ciência, reconhecida e valorizada como tal no contexto
da educação. A práxis Psicopedagógica na Argentina se dá fundamentalmente nas áreas
de educação e saúde, para diminuir o fracasso escolar e reconhecer as
alterações da aprendizagem sistemática. Adiante, o autor discorre sobre a
Psicopedagogia no Brasil, que se deu na década de com o surgimento do chamado
‘Serviço de Orientação Psicopedagógica’ (SOPP), no estado da Guanabara, e
“tinha como meta desenvolver a melhoria da relação professor-aluno e criar um
clima mais receptivo para a aprendizagem, aproveitando para isso as
experiências anteriores dos alunos” (PERES, 1998, p. 43). Mas no Brasil
prevaleceu, durante muito tempo, uma “perspectiva patologizante” (BOSSA, 2000,
p. 49) na abordagem dos problemas de aprendizagem, que tendia a atribuir a
causa de tais problemas e fatores orgânicos, recaindo sobre o sujeito
aprendente a ‘culpa’ pelo fracasso. Esta pesquisa destaca também campo de
atuação da prática psicopedagógica e nos relata sobre a Psicopedagogia
Institucional, no qual a escola ainda é a principal e mais importante
instituição a reclamar pela presença e pela intervenção psicopedagógica em seu cotidiano.
Calberg (2000, p. 16), mostra que a escola, em diversas situações tem sido “produtora
de dificuldades de aprendizagem”, o que ele chama de ‘dispedagogia’, indicando nesse
conceito “as dificuldades encontradas pela escola em sua prática, referentes à metodologia
de ensino ou ao vínculo que estabelece com seus alunos”. Cabe a Psicopedagogia ressignificar
as relações no espaço institucional da escola, bem como o conhecimento aí produzido,
pois “ninguém aprende e apreende sem afeto, sem desejo, sem curiosidade e sem vivenciar
objetivamente o conteúdo em questão” (CASTRO, 2004, p. 111) De acordo com
Calberg (2000, p.17) ao psicopedagogo que atua o campo da Psicopedagogia
institucional escolar compete uma série de tarefas, dentre as quais […]
administrar ansiedades e conflitos; trabalhar com grupos […] identificar sintomas
de dificuldades no processo de ensino-aprendizagem; organizar projetos de prevenção,
clarear papéis e tarefas nos grupos, ocupar um papel no grupo; criar estratégias
para o exercício da autonomia (aqui entendido segundo a teoria de Piaget: cooperação
e respeito mútuo); fazer a mediação entre os subgrupos envolvidos na relação ensino-aprendizagem
(pais, professores, alunos, funcionários); transforma queixas em pensamentos;
criar espaços de escuta; levantar hipóteses; observar; entrevistar e fazer
devolutivas; utilizar-se de metodologia clínica, olhar clínico; estabelecer
vínculo psicopedagogico; não fazer avaliação psicopedagógica clínica individual
dentro da instituição escolar […]; fazer acompanhamentos e orientações; compor
a equipe técnica-pedagógica.
PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA
A procura de um profissional fora do espaço
escolar apresenta alternativas às propostas e condições existentes na escola. O
atendimento diferenciado pode ir além das questões-problema vinculadas à
aprendizagem podendo trazer à tona, mais facilmente, as razões que desencadeiam
as necessidades individuais - às vezes alheia ao fator escola, que fazem com
que as crianças e adolescentes sintam-se excluídos, ou excluam-se a si mesmos
do sistema educacional. O papel do profissional está caracterizado, conforme
Fernández (1991), por uma atitude que envolve o escutar e o traduzir,
transformando-se em uma testemunha atenta que valida à palavra do paciente;
completamente inerente às relações entre ele e sua família. Nesta perspectiva,
a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta, interpretação,
reflexão e intervenção, criando e recriando espaços, é fundamental. Podendo
assim a Psicopedagogia, ser considerada como uma forma de terapia. É importante
ressaltar que nessa modalidade clínica, o psicopedagogo também não trabalha
sozinho, dependendo de parcerias com profissionais de outras áreas como: a
Psicologia, a Neurologia, a Medicina e quais outras se fizerem necessárias pra
o caso a ser atendido Se terapeuta é aquele que não cura, mas cuida do outro,
tentando amenizar o seu sofrimento, esta idéia ganha força. De acordo com
Cailber (2000, p.17).
[…] administrar
ansiedades e conflitos; trabalhar com grupos […] identificar Sintomas de
dificuldades no processo de ensino-aprendizagem; organizar projetos de
prevenção, clarear papéis e tarefas nos grupos, ocupar um papel no grupo; criar
estratégias para o exercício da autonomia (aqui entendido segundo a teoria de
Piaget: cooperação e respeito mútuo); fazer a mediação entre os subgrupos
envolvidos na relação ensino-aprendizagem (pais, professores, alunos,
funcionários); transforma queixas em pensamentos; criar espaços de escuta;
levantar hipóteses; observar; entrevistar e fazer devolutivas; utilizar-se de
metodologia clínica, olhar clínico; estabelecer vínculo psicopedagogico; não
fazer avaliação psicopedagógica clínica individual dentro da instituição
escolar […]; fazer acompanhamentos e orientações; compor a equipe técnica-pedagógica.
(p17)
O psicopedagogo é um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem, uma
característica humana. Gonçalves (1997) defende esta afirmação: "todo
trabalho psicopedagogo é clínico, seja realizado numa instituição ou entre as
quatro paredes de um consultório. Clínica é a nossa atitude de respeito pelas
vivências do outro, de disponibilidade perante seus sofrimentos, de olhar e de
escuta além das aparências que nos são expostas". Vai além, quando sobre
os cuidados do corpo: "caberá ao terapeuta a função de dialogar com o
corpo, desatando os nós que se colocam como impelidos à vida e à inteligência
criativa". E, a esta vida deve-se dar atenção, cuidando do ser. Afinal,
não é somente o problema que existe e vive. É preciso "olhar para aquilo
que vai bem, para o ponto de luz que pode dissipar as trevas, aquilo que escapa
ao homem, abrindo espaços para mudanças, um espaço onde o homem possa se recolher
e descansar, encontrando seus próprios caminhos para aprender". O que não
é ensinar, mas possibilitar aprendizagens. Essa relação promove um processo de
crescimento para ambas as partes, criando "ensinantes e atendentes",
numa interação sem papéis fixos e independentes, direcionada para o interior ou
exterior de cada envolvido. Deixando de lado particularidades, o próprio ponto
de vista e seus condicionamentos, para ver as coisas a partir delas mesmas,
como são. Isso cria uma interdependência ativa que faz com que um complemente o
outro e ambos cresçam construindo novos conhecimentos. O olhar do
psicopedagogo, além de lúcido deve ser esclarecedor, sem julgamentos ou
depreciações. Diante de um olhar assim, a aceitação flui naturalmente. E esta
aceitação é a condição primeira, a mais necessária para que se inicie o caminho
de cura, aliando a teoria à prática.
PSICOPEDAGOGIA
HOSPITALAR
A
educação hospitalar da criança e do adolescente representa um novo desafio à
educação, especificamente ao psicopedagogo, que, devido sua formação
interdisciplinar é um dos profissionais mais aptos a esta modalidade.
A alternativa de apoio
educacional psicopedagogico ao paciente interno é interessante para
assegurar-lhe uma boa recuperação em meio à inquietação oriunda da preocupação
sobre o tratamento recomendado à recuperação e o tempo de hospitalização. Em
suma, o ambiente hospitalar é um local que emana diversos sentimentos e
sensações: ora de doença ou saúde, de imensa tensão ou angústia ou então de
alívio, cura ou consolo. Extremamente técnico, aos poucos o local se abriu a
outros profissionais que não são da área da saúde. No caso do psicopedagogo é
necessário conectar-se com a equipe, criando um elo entre as especialidades.
De acordo com Vasconcelos (2000),
as doenças tratadas no hospital podem ser classificadas em: Acidentes sejam
acidentes domésticos (queimaduras, quedas, feridas), ou acidentes externos.
Para esta categoria, juntem-se tentativa de suicídio, estupros e espancamentos
(casos de maus-tratos). Esta primeira classificação constitui o que se chama
traumatologia e internações gerais. Enfermidades de má formação congênita, como
afecções ósseas, nefrológicas, hepáticas, neurológicas ou musculares:
má-formação de membros ou do esqueleto, escolioses, luxações congênitas das
articulações do quadril, miopatias, etc. Finalmente, enfermidades adquiridas ao
nascimento ou de crescimento: debilidade motora cerebral, poliartrite,
poliomielite, tumores musculares ou ósseos, cânceres. As equipes médicas
agrupam cirurgiões, médicos, anestesistas, enfermeiras, auxiliares de
enfermagem, nutricionistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais,
psicólogos, assistentes sociais, bem como, psicopedagogos. Ainda pode-se contar
com visitas voluntárias, com intenções diversas, sejam elas recreativas,
religiosas, ou humanitárias. Toda esta equipe acompanha, direta ou
indiretamente, todas as etapas de uma internação, que em geral são enfrentadas
de forma diferente por cada indivíduo hospitalizado. A sensação de dor, por
exemplo, é sentida diferentemente de acordo com a idade do paciente e de acordo
com diferenças individuais.
Nessa hora, nossa intervenção ganha uma razão de ser, mas não é ainda,
necessariamente aquilo que traz a cura, logo, não é essencial. Ainda não é
fácil de distinguir entre a dor e outras agressões de que a criança é a vítima
(separação da mãe, mudança de quadro, rostos e procedimentos desconhecidos)
(...) Nossa intervenção leva em conta o estado emocional da criança que pede
socorro quando se nega a uma atividade ou quando é agressiva (...). Em nossa
escuta de Psicopedagogo, devemos agir por uma atividade que possa transpor o
sofrimento de angústia, de solidão - Vasconcelos (2000) Mesmo assim, muitas
vezes as crianças não são capazes de expressar de reproduzir o que as faz
temer, desenvolvendo angústias, fazendo surgir depressão, revolta ou desespero,
ou ainda a possibilidade de regressão no nível de desenvolvimento. Mais uma
vez, o psicopedagogo é aquele que faz diferença, trazendo o sentimento de
valorização da vida, amor próprio, auto-estima, aceitação e segurança -
recuperar estes prazeres e garantir a construção dos conhecimentos que estariam
acontecendo em ambiente escolar é função do trabalho psicopedagogico que se insere
na esfera hospitalar. Afinal, a aprendizagem é um processo tão amplo e
grandioso que ocorre através de interações, em qualquer lugar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo em vista os artigos consultados
nesta pesquisa bibliográfica vemos que há consenso sobre o campo de
conhecimento da Psicopedagogia. Psicopedagogia relaciona-se com a maneira como
as pessoas aprendem e reporta-se à educação escolar e aos processos de ensino
aprendizagem. Procura entender principalmente como se dá esse processo nos
alunos que apresentam uma maneira diferenciada de aprender e que, nem sempre
acertadamente, são chamadas de dificuldades. Só isso basta para que tais alunos
apresentem uma baixa em seu alto estima e conseqüentemente em seu desempenho.
Ficou claro nesta pesquisa, que o aluno não pode ser o único responsável pelas
dificuldades; as causas devem ser procuradas também num sistema escolar
excludente; na formação precária dos professores e nas causas de risco social.
Para a recuperação desses alunos e a superação das dificuldades a
Psicopedagogia necessita integrar-se com os saberes de outras áreas de
conhecimento como a psicologia, a neurologia, a psicolingüística, a
psiquiatria, a fonoaudióloga e outros. Cremos que, atualmente, Psicopedagogia
começa a escrever uma nova página na sua trajetória histórica, pois a
necessidade de inserção de um psicopedagogo nas escolas se faz cada vez mais
necessária frente aos problemas da educação. Por meio de uma ação consciente e
compromissada o psicopedagogo não deve tão somente atuar junto aos alunos, mas
também junto ao quadro de profissionais da educação para um repensar das
práticas pedagógicas diante das dificuldades de aprendizagem, bem como junto às
famílias para que assim se possa reverter o quadro de fracasso escolar brasileiro.
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Inclusão Social: Intervenção psicopedagógica
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de Campinas, Campinas, São Paulo, 2007,
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