terça-feira, 24 de abril de 2012

FUNDAMENTOS PARA FORMAÇÃO E ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO















   FACULDADE INTERNACIONAL DE CURITIBA – FACINTER
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E INSTITUCIONAL
  



           

                         Aparecida de Sousa Santos                    












FUNDAMENTOS PARA FORMAÇAO E ATUAÇAO DO PSICOPEDAGOGO








Produção de Conhecimento realizada como requisito parcial para obtenção de nota do Curso de Pós – Graduação em Psicopedagogia Clínica e Institucional, sob orientação da Professora Cleonice Sales e Coordenação da Professora Regiane Banzzatto Bergamo.




Aquidauana – MS
                                                             Outubro-2010
        FUNDAMENTOS PARA FORMAÇAO E ATUAÇAÔ DO PSICOPEDAGOGO


                                    Aparecida de Sousa Santos                RU: 469219
                                                          


     INTRODUÇÃO

A produção deste conhecimento intitulado proposta para a ampliação e o aprofundamento da aprendizagem e dos conhecimentos abordados neste bloco de disciplinas. Fundamentos da psicopedagoga, teorias da aprendizagem e formação e profissionalização docente sendo assim, devem articular teoria e pratica aliadas as especificidades de conteúdos abordados nestas três disciplinas. Um questionamento leve sobre o que é a psicopedagoga poderia trazer a tona uma resposta imediatista, identificando facilmente a constituição da palavra psicologia e pedagogia. Essa analise reducionista do real significado, omite a perspectiva de interdisciplinaridade da mesma. A psicopedagoga é uma área de conhecimento e de atuação dirigida pelo e para o processo de aprendizagem humana seu objeto de estudo é o ser que aprende da realidade, e constrói o seu conhecimento, aprendendo. Visto que o conhecimento é construído natural e continuamente pelo sujeito, no seu viver, não sendo exclusividade do ambiente escolar, já que ocorre simultaneamente com o processo de vida, a psicopedagoga pode auxiliar varias áreas da atividade humana. As relações dela com o conhecimento, vinculado à aprendizagem e as significações do ato de aprender, fazem parte do seu foco de estudo a fim de contribuir para o analise e reformulação de praticas educativa, ressignificando hábitos e atitudes. Com isso, teremos algumas idéias e estímulos ao nosso seguir em frente, na busca de alternativa a subjetividade humana, que aceite as diferenças e trabalhe de modo onde todos possam estar incluídos na magia do aprender e na magia do ensinar.


FUNDAMENTOS PARA FORMAÇAO E ATUAÇAO DO PSICOPEDAGOGO.


O estudo referente à psicopedagoga, no Brasil, tem uma historia de aproximadamente 30 anos, inicialmente dedicados a pesquisa em forma de grupos de estudos, que refletiam sobre pratica educacional. Na década de 70 os primeiros cursos na área de psicopedagoga foram oferecidos, mas foi nos anos 90, que estes cursos proliferaram pelo Brasil que tem nas regiões sul e sudeste, maior demanda de especialização e trabalhos realizados. A ABPP (Associação Brasileira de Psicopedagogia) teve seu inicio através de um grupo de estudo, formado por profissionais preocupados com os problemas de aprendizagem. Este grupo tornou-se a App (Associação paulista de Psicopedagogia), para parti-la de 1980 conquistarmos âmbito nacional. Atualmente, a ABPP, busca o reconhecimento da profissão, conforme divulgado, o Deputado Federal Barbosa Neto atendendo ao pedido de algumas psicopedagogas criou o projeto de lei n° 3124/97 que dispõe sobre o regulamento da profissão de Psicopedagogia e cria conselhos de Psicopedagogia e determinam outras providencias. A funcionalidade desta profissão que espera ser reconhecida é aqui tratada de acordo com as habilidades que podem ser desenvolvidas, nas respectivas áreas de atuação. Segundo Mauco (1959), os fundadores do primeiro centro procuram como já havia sido tentado entre 1920 e 1928, utiliza os conhecimentos oriundos da psicologia, da psicanálise e da pedagogia, em auxilio das crianças que tivessem dificuldades de comportamento, tanto na escola como na família, visando obter, na medida do possível, a sua readaptação através de um acompanhamento psicopedagogico, melhorando assim a convivência da criança com seu meio familiar e escolar. Através dessa cooperação Psicologia
Psicanálise – Pedagogia esperava adquirir um conhecimento total da criança e do seu meio, o que tornaria possível a compreensão do caso, a ação reeduca Dora poderia ser determinada e prevista de acordo com a orientação e a gravidade dos distúrbios da criança.
        A falta de conhecimento a respeito das dificuldades de aprendizagem fez e, ainda faz com que os alunos com dificuldades sejam encaminhados para profissionais das mais diversas áreas de atuação. Isso fez com que se criasse uma consciência da necessidade de uma formação mais globalizante onde uma única pessoa fosse apta para atuar de forma mais objetiva, eficaz e fazer com que os atendimentos se centralizassem num só profissional, facilitando o vínculo do aluno com o processo de aprendizagem e assim resgatar o prazer de aprender. Vê-se então, que o papel da Psicopedagogia, que é a área que estuda e trabalha com o processo da aprendizagem e suas dificuldades devem englobar vários campos do conhecimento. O atendimento psicopedagogico que antes era restrito a clínicas particulares, começa a contribuir aos poucos, para a diminuição dos problemas de aprendizagem nas escolas e assim reduzir os altos índices de fracasso escolar.
    As escolas, por falta de conhecimento adequado e por não conseguir solucionar alguns Problemas, por não compreender as dificuldades dos alunos, acabam discriminando da mesma forma alunos que tem problemas e não são tratados, não conseguindo então, intervir de forma eficaz. Segundo Scoz (1992), a grande questão de nossas escolas é encontra caminhos que possibilitem ao professor a revisão de sua própria prática, a descoberta de alternativas possível de ação. Isso só será possível se o profissional da educação tiver acesso às informações das várias ciências, como a Pedagogia, a Psicologia, a Sociologia, a Psicolingüística, de forma atingir um conhecimento profundo, que deve ser vinculado à realidade educacional brasileira, possibilitando a visão global do aluno.  Abre-se então, a questão do papel do psicopedagogo na e para uma determinada instituição, cujas formas de estrutura e articulação não podem ser ignoradas. No dizer da professora Bernadete Gatti (1980), a ação educativa se passa num ambiente determinado, historicamente construído, e seu entendimento é fundamental para a compreensão dos agentes se das ações educativas e de suas potencialidades.
       A partir dessas considerações podemos concluir que a Psicopedagogia deve estar presente no enfrentamento dos problemas cruciais da educação brasileira, assumindo uma atuação consciente e comprometida.




O QUE INVESTIGARAM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL

    De acordo com Bossa (2000) a questão da formação do psicopedagogo assume um papel de grande importância na medida em que é a partir dela que se inicia o percurso para a formação da identidade desse profissional. No Brasil, do ponto de vista legal, a Psicopedagogia ainda não representa uma profissão. A maioria dos psicopedagogos formou-seem cursos de Pedagogia ou Psicologia, e depois de terminar a graduação, completa seus estudos em nível de especialização em Psicopedagogia - em programas lato sensu regulamentados pela Resolução nº 12/83, de 06.10.83-, e assim modifica a sua práxis. Mesmo com a especialização terminada, em termos de conhecimento, o aluno ainda não está realmente habilitado para iniciar sua atuação, digo isso pela minha própria experiência, pois depois que terminei o curso de especialização, senti necessidade de, mesmo sozinha, continuar estudando e me aperfeiçoando. Acredito que a Psicopedagogia tem ganhado espaço nos meios educacionais brasileiros, pois os profissionais buscam cada vez mais subsídios para poder melhorar sua prática e assim poder alcançar com responsabilidade e comprometimento, os estudantes que estão em nossas escolas e não conseguem aprender. A dificuldade de aprendizagem pode ser uma manifestação inconsciente ou até mesmo um problema de ensinagem, o que tem relação com a instituição escolar e não com a criança.
     O artigo “A importância do trabalho psicopedagógico: incentivo institucional e Atendimento às crianças com dificuldades escolares” de Andréia O.e E.M. (2008) destaca a importância do trabalho do psicopedagogo e sua área de atuação, seja Ela institucional ou clínica, focando a prevenção ou a intervenção das dificuldades de aprendizagem. Apresenta também a experiência realizada na Faculdade de Valinhos que organizou o laboratório de Psicopedagogia para realizar um programa de atendimento psicopedagogico às crianças com queixas de dificuldades de aprendizagem, visando aperfeiçoar a formação do psicopedagogo, oferecendo assim um espaço para que os profissionais formados por essa instituição pudessem exercer atividades de avaliação, diagnóstico e intervenção, podendo contar com os materiais necessários e também com supervisão. Porém o espaço era fora de uma instituição escolar, sem constância de profissionais e alunos e o psicopedagogo não tinham contato com o ambiente escolar o que prejudicava sua visão do que realmente acontece dentro de uma instituição. Em outro artigo, Júlio, Torrezin e Silveira (2005), relatam a experiência. Secretaria de Educação do Município de Valinhos que no ano de 2004 implantou nas escolas da rede pública o Programa de Assessoramento psicopedagogico. O relato da experiência teve o objetivo de mostrar os desafios e os resultados parciais obtidos nesse programa. Destacam que a implantação de serviços que busquem atender alunos traz excelentes resultados desde que sejam implantados e mantidos. Estes autores partilham da opinião de Ferreira (2002), deque a atuação do psicopedagogo não deve restringir-se ao espaço físico em que atua, mas também depende de sua atitude psicopedagógica que abrange seu modo de pensar a Psicopedagogia e o conhecimento que se tem da área. A Psicopedagogia educacional objetiva que todos os profissionais da educação, considerando diretores, professores e coordenadores pedagógicos repensem o papel da escola frente às dificuldades da criança e os vários fatores envolvidos numa situação de aprendizagem. Por outro lado, crianças com dificuldades de aprendizagem necessitam de atendimento específico, o que evidencia que em certos casos a escola não consegue resolver todos os problemas desta ordem sozinha, necessitando de ajuda de um profissional especializado. Psicologia e da pedagogia – como a simples decomposição do vocábulo: psicopedagogico, Essa Quanto à definição de Psicopedagogia é freqüente a junção dos conhecimentos da compreensão limita e reduz o conceito e não é suficiente para abarcar e definir toda a ação e a prática psicopedagógica. Segundo Beauclair (2004)
   […] a Psicopedagogia é um campo de conhecimento que se propõe a integrar, de Modo coerente, conhecimentos e princípios de diferentes ciências humanas com a Meta de adquirir uma ampla compreensão sobre os variados processos inerentes ao Aprender humano. [...] Interessa à Psicopedagogia compreender como ocorrem os processos de aprendizagem e entender as possíveis dificuldades situadas neste Movimento. Para tal, faz uso de integração e síntese de vários campos do Conhecimento, tais como a psicologia, a psicanálise, a filosofia, a psicologia.
Transpessoal, a pedagogia, a neurologia, entre outros. (p.42)

Na seqüência, o autor registra as origens da Psicopedagogia, situando o nascimento da Psicopedagogia na França, em torno de 1940. Bossa (2000, p.36) afirma que “a preocupação com os problemas da aprendizagem [a Psicopedagogia, portanto] teve origem na Europa, ainda no século XXI”. Castanho (2002) julga ser possível localizar a gênese da Psicopedagogia nas últimas décadas do século XVIII. Foi a partir de 1946, na França, que os chamados Centros Psicopedagógicos ganharam importância e se multiplicaram com rapidez até o início da década de 1960, ligando equipes de trabalho “compostas por médicos, psicólogos, pedagogos, psicanalistas e reeduca dores de psicomotricidade e da escrita” (PERES, p.41). O modelo de Psicopedagogia diagnóstica com tendência clínica, ao final da década de 1960, passou a ser veemente questionado por educadores que estavam incomodados com a indiscriminada rotulação de alunos, sem a menor preocupação com o contexto sócio-educacional. A Psicopedagogia se espalhou principalmente em países preocupados com o insucesso Escolar, mas foi na Argentina que ela cresceu e se desenvolveu rapidamente adquirindo Condição de ciência, reconhecida e valorizada como tal no contexto da educação. A práxis Psicopedagógica na Argentina se dá fundamentalmente nas áreas de educação e saúde, para diminuir o fracasso escolar e reconhecer as alterações da aprendizagem sistemática. Adiante, o autor discorre sobre a Psicopedagogia no Brasil, que se deu na década de com o surgimento do chamado ‘Serviço de Orientação Psicopedagógica’ (SOPP), no estado da Guanabara, e “tinha como meta desenvolver a melhoria da relação professor-aluno e criar um clima mais receptivo para a aprendizagem, aproveitando para isso as experiências anteriores dos alunos” (PERES, 1998, p. 43). Mas no Brasil prevaleceu, durante muito tempo, uma “perspectiva patologizante” (BOSSA, 2000, p. 49) na abordagem dos problemas de aprendizagem, que tendia a atribuir a causa de tais problemas e fatores orgânicos, recaindo sobre o sujeito aprendente a ‘culpa’ pelo fracasso. Esta pesquisa destaca também campo de atuação da prática psicopedagógica e nos relata sobre a Psicopedagogia Institucional, no qual a escola ainda é a principal e mais importante instituição a reclamar pela presença e pela intervenção psicopedagógica em seu cotidiano. Calberg (2000, p. 16), mostra que a escola, em diversas situações tem sido “produtora de dificuldades de aprendizagem”, o que ele chama de ‘dispedagogia’, indicando nesse conceito “as dificuldades encontradas pela escola em sua prática, referentes à metodologia de ensino ou ao vínculo que estabelece com seus alunos”. Cabe a Psicopedagogia ressignificar as relações no espaço institucional da escola, bem como o conhecimento aí produzido, pois “ninguém aprende e apreende sem afeto, sem desejo, sem curiosidade e sem vivenciar objetivamente o conteúdo em questão” (CASTRO, 2004, p. 111) De acordo com Calberg (2000, p.17) ao psicopedagogo que atua o campo da Psicopedagogia institucional escolar compete uma série de tarefas, dentre as quais […] administrar ansiedades e conflitos; trabalhar com grupos […] identificar sintomas de dificuldades no processo de ensino-aprendizagem; organizar projetos de prevenção, clarear papéis e tarefas nos grupos, ocupar um papel no grupo; criar estratégias para o exercício da autonomia (aqui entendido segundo a teoria de Piaget: cooperação e respeito mútuo); fazer a mediação entre os subgrupos envolvidos na relação ensino-aprendizagem (pais, professores, alunos, funcionários); transforma queixas em pensamentos; criar espaços de escuta; levantar hipóteses; observar; entrevistar e fazer devolutivas; utilizar-se de metodologia clínica, olhar clínico; estabelecer vínculo psicopedagogico; não fazer avaliação psicopedagógica clínica individual dentro da instituição escolar […]; fazer acompanhamentos e orientações; compor a equipe técnica-pedagógica.

 PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA
        
          A procura de um profissional fora do espaço escolar apresenta alternativas às propostas e condições existentes na escola. O atendimento diferenciado pode ir além das questões-problema vinculadas à aprendizagem podendo trazer à tona, mais facilmente, as razões que desencadeiam as necessidades individuais - às vezes alheia ao fator escola, que fazem com que as crianças e adolescentes sintam-se excluídos, ou excluam-se a si mesmos do sistema educacional. O papel do profissional está caracterizado, conforme Fernández (1991), por uma atitude que envolve o escutar e o traduzir, transformando-se em uma testemunha atenta que valida à palavra do paciente; completamente inerente às relações entre ele e sua família. Nesta perspectiva, a imparcialidade sem preceitos ou preconceitos na escuta, interpretação, reflexão e intervenção, criando e recriando espaços, é fundamental. Podendo assim a Psicopedagogia, ser considerada como uma forma de terapia. É importante ressaltar que nessa modalidade clínica, o psicopedagogo também não trabalha sozinho, dependendo de parcerias com profissionais de outras áreas como: a Psicologia, a Neurologia, a Medicina e quais outras se fizerem necessárias pra o caso a ser atendido Se terapeuta é aquele que não cura, mas cuida do outro, tentando amenizar o seu sofrimento, esta idéia ganha força. De acordo com Cailber (2000, p.17).

[…] administrar ansiedades e conflitos; trabalhar com grupos […] identificar Sintomas de dificuldades no processo de ensino-aprendizagem; organizar projetos de prevenção, clarear papéis e tarefas nos grupos, ocupar um papel no grupo; criar estratégias para o exercício da autonomia (aqui entendido segundo a teoria de Piaget: cooperação e respeito mútuo); fazer a mediação entre os subgrupos envolvidos na relação ensino-aprendizagem (pais, professores, alunos, funcionários); transforma queixas em pensamentos; criar espaços de escuta; levantar hipóteses; observar; entrevistar e fazer devolutivas; utilizar-se de metodologia clínica, olhar clínico; estabelecer vínculo psicopedagogico; não fazer avaliação psicopedagógica clínica individual dentro da instituição escolar […]; fazer acompanhamentos e orientações; compor a equipe técnica-pedagógica. (p17)


    O psicopedagogo é um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem, uma característica humana. Gonçalves (1997) defende esta afirmação: "todo trabalho psicopedagogo é clínico, seja realizado numa instituição ou entre as quatro paredes de um consultório. Clínica é a nossa atitude de respeito pelas vivências do outro, de disponibilidade perante seus sofrimentos, de olhar e de escuta além das aparências que nos são expostas". Vai além, quando sobre os cuidados do corpo: "caberá ao terapeuta a função de dialogar com o corpo, desatando os nós que se colocam como impelidos à vida e à inteligência criativa". E, a esta vida deve-se dar atenção, cuidando do ser. Afinal, não é somente o problema que existe e vive. É preciso "olhar para aquilo que vai bem, para o ponto de luz que pode dissipar as trevas, aquilo que escapa ao homem, abrindo espaços para mudanças, um espaço onde o homem possa se recolher e descansar, encontrando seus próprios caminhos para aprender". O que não é ensinar, mas possibilitar aprendizagens.  Essa relação promove um processo de crescimento para ambas as partes, criando "ensinantes e atendentes", numa interação sem papéis fixos e independentes, direcionada para o interior ou exterior de cada envolvido. Deixando de lado particularidades, o próprio ponto de vista e seus condicionamentos, para ver as coisas a partir delas mesmas, como são. Isso cria uma interdependência ativa que faz com que um complemente o outro e ambos cresçam construindo novos conhecimentos. O olhar do psicopedagogo, além de lúcido deve ser esclarecedor, sem julgamentos ou depreciações. Diante de um olhar assim, a aceitação flui naturalmente. E esta aceitação é a condição primeira, a mais necessária para que se inicie o caminho de cura, aliando a teoria à prática.


PSICOPEDAGOGIA HOSPITALAR

     A educação hospitalar da criança e do adolescente representa um novo desafio à educação, especificamente ao psicopedagogo, que, devido sua formação interdisciplinar é um dos profissionais mais aptos a esta modalidade.
     A alternativa de apoio educacional psicopedagogico ao paciente interno é interessante para assegurar-lhe uma boa recuperação em meio à inquietação oriunda da preocupação sobre o tratamento recomendado à recuperação e o tempo de hospitalização. Em suma, o ambiente hospitalar é um local que emana diversos sentimentos e sensações: ora de doença ou saúde, de imensa tensão ou angústia ou então de alívio, cura ou consolo. Extremamente técnico, aos poucos o local se abriu a outros profissionais que não são da área da saúde. No caso do psicopedagogo é necessário conectar-se com a equipe, criando um elo entre as especialidades.
     De acordo com Vasconcelos (2000), as doenças tratadas no hospital podem ser classificadas em: Acidentes sejam acidentes domésticos (queimaduras, quedas, feridas), ou acidentes externos. Para esta categoria, juntem-se tentativa de suicídio, estupros e espancamentos (casos de maus-tratos). Esta primeira classificação constitui o que se chama traumatologia e internações gerais.  Enfermidades de má formação congênita, como afecções ósseas, nefrológicas, hepáticas, neurológicas ou musculares: má-formação de membros ou do esqueleto, escolioses, luxações congênitas das articulações do quadril, miopatias, etc. Finalmente, enfermidades adquiridas ao nascimento ou de crescimento: debilidade motora cerebral, poliartrite, poliomielite, tumores musculares ou ósseos, cânceres. As equipes médicas agrupam cirurgiões, médicos, anestesistas, enfermeiras, auxiliares de enfermagem, nutricionistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, assistentes sociais, bem como, psicopedagogos. Ainda pode-se contar com visitas voluntárias, com intenções diversas, sejam elas recreativas, religiosas, ou humanitárias. Toda esta equipe acompanha, direta ou indiretamente, todas as etapas de uma internação, que em geral são enfrentadas de forma diferente por cada indivíduo hospitalizado. A sensação de dor, por exemplo, é sentida diferentemente de acordo com a idade do paciente e de acordo com diferenças individuais.
    Nessa hora, nossa intervenção ganha uma razão de ser, mas não é ainda, necessariamente aquilo que traz a cura, logo, não é essencial. Ainda não é fácil de distinguir entre a dor e outras agressões de que a criança é a vítima (separação da mãe, mudança de quadro, rostos e procedimentos desconhecidos) (...) Nossa intervenção leva em conta o estado emocional da criança que pede socorro quando se nega a uma atividade ou quando é agressiva (...). Em nossa escuta de Psicopedagogo, devemos agir por uma atividade que possa transpor o sofrimento de angústia, de solidão - Vasconcelos (2000) Mesmo assim, muitas vezes as crianças não são capazes de expressar de reproduzir o que as faz temer, desenvolvendo angústias, fazendo surgir depressão, revolta ou desespero, ou ainda a possibilidade de regressão no nível de desenvolvimento. Mais uma vez, o psicopedagogo é aquele que faz diferença, trazendo o sentimento de valorização da vida, amor próprio, auto-estima, aceitação e segurança - recuperar estes prazeres e garantir a construção dos conhecimentos que estariam acontecendo em ambiente escolar é função do trabalho psicopedagogico que se insere na esfera hospitalar. Afinal, a aprendizagem é um processo tão amplo e grandioso que ocorre através de interações, em qualquer lugar.









CONSIDERAÇÕES FINAIS

      Tendo em vista os artigos consultados nesta pesquisa bibliográfica vemos que há consenso sobre o campo de conhecimento da Psicopedagogia. Psicopedagogia relaciona-se com a maneira como as pessoas aprendem e reporta-se à educação escolar e aos processos de ensino aprendizagem. Procura entender principalmente como se dá esse processo nos alunos que apresentam uma maneira diferenciada de aprender e que, nem sempre acertadamente, são chamadas de dificuldades. Só isso basta para que tais alunos apresentem uma baixa em seu alto estima e conseqüentemente em seu desempenho. Ficou claro nesta pesquisa, que o aluno não pode ser o único responsável pelas dificuldades; as causas devem ser procuradas também num sistema escolar excludente; na formação precária dos professores e nas causas de risco social. Para a recuperação desses alunos e a superação das dificuldades a Psicopedagogia necessita integrar-se com os saberes de outras áreas de conhecimento como a psicologia, a neurologia, a psicolingüística, a psiquiatria, a fonoaudióloga e outros. Cremos que, atualmente, Psicopedagogia começa a escrever uma nova página na sua trajetória histórica, pois a necessidade de inserção de um psicopedagogo nas escolas se faz cada vez mais necessária frente aos problemas da educação. Por meio de uma ação consciente e compromissada o psicopedagogo não deve tão somente atuar junto aos alunos, mas também junto ao quadro de profissionais da educação para um repensar das práticas pedagógicas diante das dificuldades de aprendizagem, bem como junto às famílias para que assim se possa reverter o quadro de fracasso escolar brasileiro.
        











 REFERÊNCIAS


BOSSA, Nádia A. A Psicopedagogia no Brasil: Contribuições a partir      da prática. Porto
Alegre: Artmed, 1994.
OSTI, A; JÚLIO, A.A; TORREZIN, A.L.; SILVEIRA, C.A.F. A atuação do psicopedagogo em
Instituições de ensino: relato de experiência. Revista de Educação, V.VIII, n.8, 2005. P.150-
155
3818
CHAMAT, L. S. J. Diagnóstico psicopedagogico: o diagnóstico clínico na abordagem.
Integracionista. São Paulo: Vetor, 2004.
SCOZ, Beatriz. Psicopedagogia e Realidade Escolar: o problema escolar e de
Aprendizagem. Petrópolis. RJ: Vozes, 1994.
MONEREO, Carles. O Assessoramento psicopedagogico: uma perspectiva profissional e
Construtivista. Porto Alegre: Artmed, 2000.
SISTO, F. F.; OLIVEIRA, G. C.; FINI, L. D. T.; SOUZA, M. T. C. C.; BRENELLI, R.
P.(orgs). Atuação Psicopedagógica e Aprendizagem escolar. Petrópolis – RJ: Vozes, 1996.
PERES, M.R. (2007). Psicopedagogia: limites e possibilidades a partir de relatos de
Profissionais. Tese (Doutorado). Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Campinas,
São Paulo. Pp.xvi+200.
CESÁRIO, João Batista. Psicopedagogia e Inclusão Social: Intervenção psicopedagógica
Com crianças em situação de risco. Monografia (Especialização em Educação e)
(Psicopedagogia) Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas, São Paulo, 2007,
101 pp.