domingo, 3 de junho de 2012

ESTUDO DE CASO JONAS

FACULDADE INTERNACIONAL DE CURITIBA – FACINTER
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E INSTITUCIONAL
  


                      




ESTUDO DO CASO “JONAS”: CONTRIBUIÇAO PSICOPEDAGOGICA DIANTE DA EPISTEMOLOGIA GENETICA, NEUROPSICOLOGIA E PSICANALISE PARA A INSTITUIÇÃO ESCOLAR



Produção de Conhecimento realizada como requisito parcial para obtenção de nota do Curso de Pós – Graduação em Psicopedagoga Clínica e Institucional, sob orientação da Professora Cleonice Sales e Coordenação da Professora Regiane Banzzatto Bergamo.













                                  Aquidauana – MS
                                  Dezembro-2010


ESTUDO DO CASO JONAS CONTRIBUIÇÃO PSICIPEDAGOGICA DIANTE DA EPISTEMOLOGIA GENETICA, NEUROPSICOLOGIA E PSICANALISE PARA A INSTITUIÇÃO ESCOLAR.



INTRODUÇAO

A produção deste conhecimento constituiu-se de uma reflexão proposta para a ampliação e aprofundamento do estudo do caso Jonas com contribuição Psicopedagógica diante da Epistemologia Genética, Neuropsicologia e Psicanálise para a instituição escolar. O estudo do caso foi proposto com a finalidade de ilustrar as possíveis causas das dificuldades de aprendizagem apresentadas por uma criança do ensino fundamental da rede publica providenciando intervenções necessárias. Objetivo desse trabalho volta-se para o reconhecimento da necessidade de formação especifica ou especialidade para o trabalho pedagógico e psicopedagógico. Para compreender o processo de desenvolvimento das crianças no que diz respeito à aprendizagem, é preciso buscar recursos que possam auxiliar e contribuir. E é por meio desta busca de subsídios da psicopedagogia que é a área de estudos de caráter teórico pratico e interdisciplinar que instrumentaliza o profissional nas tarefas de educar ou de ensinar. Na área da psicopedagogia, os trabalhos sobre as dificuldades de aprendizagem têm procurado chegar a diagnósticos precisos das causas e deficiências apresentadas pelas crianças.


DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO IDENTIFICAÇÃO
     Nome Jonas
    Jonas. Têm oito anos, mora com a mãe, está cursando o segundo ano e vem apresentando dificuldades de aprendizagem. Durante o diagnóstico operatório, Jonas apresentou um resultado abaixo do esperado para sua idade cronológica. Para conservação de quantidade, não conseguiu perceber que é possível alterar a forma sem alterar a quantidade. Ao realizar a classificação de objetos, não conseguiu perceber a semelhança entre eles, também demonstrou que não possui domínio de planejamento, e ainda, que não sabe fazer a relação da parte com o todo. Durante as provas operativas foi possível observar dificuldades em organizar e expor seus pensamentos, assim como rigidez para situações de mudanças. Essas dificuldades operativas podem estar interferindo na sua produção escolar, principalmente com relação ao raciocínio matemático. Sua lateralidade apresenta-se cruzada, assim como, mal definida; erram direita e esquerda em si e na examinadora; faz espelhamento de posições e gravuras. Apresenta dificuldade de orientação espacial e percepção visual. Essas dificuldades podem estar aliadas à falta de atenção e concentração. Apresenta bom raciocínio lógico verbal, porém demonstram dificuldades para memorização e para discriminação fonemática, com trocas auditivamente semelhantes. Essas dificuldades podem estar aliadas à imaturidade na percepção auditiva.
      Nas provas pedagógicas foi possível observar que Jonas sente “medo” de escrever “errado”. Ainda não entende a escrita como uma forma de representação gráfica que possui características próprias independente do objeto que representa, ou seja, a palavra trem é maior que telefone. Jonas revela-se ansioso, tenso e inseguro, principalmente diante de situações em que o resultado depende dela mesma. Essa insegurança e ansiedade fazem com que Jonas nem tente executar ou responder a alguma tarefa que pareça diferente ou nova, dizendo “não sei”. Portanto, apresenta uma conduta evitativa para o que não sabe ou sente dificuldade. A auto-estima de Jonas, no momento, se encontra bastante rebaixada, pois sente que não é capaz de produzir o que lhe é solicitado, tendo que esperar aprovação de outrem para que possa apresentar algum resultado. No que se refere à família, foi possível observar bom vínculo com os pais. Quanto ao diagnóstico funcional orgânico, foi possível observar que não tem dificuldades em coordenar seus movimentos.

CONCLUSÃO trata-se de uma criança com dificuldades de aprendizagem, que podem estar aliadas aos transtornos de saúde que ocorreram numa fase de grande importância para o seu desenvolvimento cognitivo e emocional*. Portanto, os obstáculos funcionais orgânicos, aliados a fatores emocionais, interferem diretamente em seu desempenho escolar.

INDICAÇÕES GERAIS: Neuropediatra; Exame da percepção da fala; Oftalmologista; Psicoterapia.

INDICAÇÕES ESPECÍFICAS: Psicopedagogia
*Jonas, teve um grave problema de saúde buscou ajuda de uma psicóloga quando ele tinha 4 anos de idade

DESENVOLVIMENTO

Ao analisar as dificuldades de aprendizagem de Jonas queremos salientar algumas concepções sobre aprendizagem. Embora de maneiras diversificadas, serão feitas algumas considerações sobre a visão construtivista de Piaget e a histórico-cultural de Vygotsky.
    Para Piaget (1972), a aprendizagem e dependente da maturação biológica do indivíduo em que existem estágios do desenvolvimento humano que fazem parte desta estrutura orgânica. O processo de aprendizagem ocorre à medida que a criança age sobre seu meio externo, utilizando para tal os seus sentidos (visão, tato, olfato, audição e gustação). Portanto para aprender a utilizar o processo de assimilação e acomodação, os quais permitem a apreensão das informações externas associando-as ao que já possuem, e formando novos conhecimentos. Considerando que houve aprendizagem quando a criança ou o jovem consegue manter este processo continuo equilíbrio, desequilíbrio e equilíbrio, formando sempre novos conhecimentos e apropriando-se deste. A concepção histórica-cultural de Vygotsky (1985) trouxe a relevância do desenvolvimento das funções psíquicas, superiores dos indivíduos em conjunto com suas interações sociais e históricas como sendo fatores decisivos na aprendizagem humana. Vygotsky (1985) apresentou o conceito de zona de desenvolvimento proximal (ZPD), no primeiro momento tem-se a necessidade de considerar que a criança já possui noções de quantidade, valores e outras as quais não devem ser ignoradas. Este tipo de conhecimento, ou seja, aquele que o individuo a possui e consegue agir sozinho, é chamado de nível do desenvolvimento real. Porém, esta mesma criança pode fazer outras atividades com auxilio de um mediador ou com ajuda de pessoas mais experientes em determinado conteúdo, este nível é chamado de desenvolvimento potencial. O período intermediário entre o conhecimento real e potencial é chamado proximal, todo conhecimento potencial. Segundo Vygotsky (1985), tem possibilidade de se tornar real, a criança após vivenciar estas experiências, passa a internalizar os conhecimentos mediados e agora aprendidos. Aprendizagem nesta concepção também é continua, porém a aprendizagem pode anteceder o desenvolvimento, sendo que a primeira não tão dependente do segundo, como na teoria construtivista. Umas das discussões polêmicas a cerca das dificuldades de aprendizagem é a diferenciação destas classificações, como distúrbio, transtorno e ate mesmo deficiência - considerada tal problemática conforme Móojen (1999), os termos dificuldades, distúrbios e transtornos são muitas vezes utilizados como se tivesse o mesmo significado o que é um equivoco, pois se tratam de quadros diagnósticos diferenciados. Com a finalidade de esclarecer as particularidades de cada termo, Móojen (1999), elaborou as seguintes classificações:

Dificuldades de aprendizagem [...] podem ser de percurso evolutivo transitório ou secundarias as outras patologias (deficiência mental, sensorial, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. transtornos emocionais neurológicos, etc.) transtornos de aprendizagem descritos pelos manuais de diagnósticos (DSM0-IV e CID-10). Nestes últimos são descritos os especificadores de gravidade e curso: os leves, moderados e os severos. Os severos que persistem até a vida adulta e recebem a denominação de dislexia evolutiva ou de desenvolvimento. (MÓOJEN, 1999, p.32)

   Os objetivos das praticas e intervenções foram o de possibilitar outras formas dos conteúdos necessários para pratica da leitura, interpretação e raciocino lógico matemático. 

      .Quando a criança começa a apresentar dificuldades escolares e falta de interesse, é necessário pesquisar a causa real do problema. Ela precisa de compreensão, orientação e instrução adequadas para superar dificuldades. É preciso oferecer recursos multissensoriais, e desenvolver estratégias do ensino, de modo que o sujeito tenha sucesso no maior número de áreas possíveis, para fortalecer sua auto-estima. Não devemos esquecer que cada sujeito tem um ritmo próprio para aprender. Quando falamos em diagnóstico psicopedagógico, o psicopedagogo deve ter um olhar que compõe o todo, levando-se em conta a totalidade dos fatores envolvidos neste processo, tanto interno quanto externo. Dentre os fatores externos relacionados ao contexto em que a criança está inserida. E dentre os fatores internos são apontados biológicas (organismo e cognitivo) e psicológicos. “É um processo que permite ao profissional investigar, levantar hipóteses provisórias que serão ou não confirmadas ao longo do processo recorrendo, para isso, a conhecimentos práticos e teóricos. Esta investigação permanece durante todo o trabalho diagnóstico através de intervenções e da”... “Escuta Psicopedagógica...”, para que “... se possam decifrar os processos que dão sentido ao observado e norteiam a intervenção”. (“BOSSA, 2000, p. 24)”. No diagnóstico de Jonas apresenta-se com dificuldades de aprendizagem, que podem estar aliadas aos transtornos de saúde que ocorreram numa fase de grande importância para o seu desenvolvimento cognitivo e emocional. Portanto, os obstáculos funcionais orgânicos, aliados a fatores emocionais, interferem diretamente em seu desempenho escolar. Ao tratar sobre os fatores orgânicos, Paín (1985, p. 28) esclarece: “a origem de toda aprendizagem está nos esquemas de ação desdobrados mediante o corpo.” Como o indivíduo é um todo e não partes que trabalham isoladas são necessárias uma integração entre anatomia, bom funcionamento de todos os órgãos, bem como do sistema nervoso central. No que se refere aos fatores específicos, à autora afirma existirem diversas desordens específicas ligadas a determinadas áreas também específicas, as quais perpassam questões cognitivas e motoras. Quanto aos fatores psicógenos, subsidia-se na teoria psicanalítica, mas afirma que se devem levar em consideração também às disposições orgânicas e ambientais do sujeito. Ela destaca (1985, p. 32) que, na concepção de Freud, os problemas de aprendizagem não são erros, mas “[...] são perturbações produzidas durante a aquisição e não nos mecanismos de conservação e disponibilidade [...]”; é necessário procurar compreender os problemas de aprendizagem não sobre o que se está fazendo, mas sim sobre como se está fazendo. Como proposta de intervenção procurando superara as dificuldades apresentadas por Jonas propõem a seguinte intervenção:

PROPOSTA DE DIAGNOSTICO PSICOPEDAGÓGICO
• TEMPO: 50 minutos
• FREQÜÊNCIA: 2 vezes na semana
• ESPAÇO: consultório

MODALIDADE DE PESQUISA
A presente pesquisa se caracteriza como sendo um estudo de caso. Conforme Furasté.
(2006), o estudo de caso se constitui numa pesquisa exaustiva sobre uma pessoa ou instituição específica. São estudadas as circunstancias particulares do objeto de estudo. “Geralmente são”. Analisados casos clínicos, médicos, psicanalíticos, psiquiátricos, psicológicos ou assemelhados que necessitem esclarecimentos objetivos e exclusivos “(FURASTE 2006, (p. 37)”.

A pesquisa tem o caráter experimental, o qual, segundo Lakatos e Marconi,     (2006) constituem na realização de testes-hipotéticos durante a pesquisa, procurando verificar as relações de causa-efeito. Material e instrumentos de coleta de dados Anamnese (questionário utilizado na área clinica para realizar levantamento histórico), familiar, social e econômico do paciente. Testes para diagnósticos: Avaliação das noções sobre a linguagem oral/(escrita 2) (Reconhecimento da configuração da escrita 3) (Decodificação 4) (Questionamentos sobre aprendizagem 5) Noções metalingüísticas (Consciência fonológica, Noções metalingüísticas elementares . 6) Classificação de grupos. 7) Conhecimento das funções da escrita e do tempo necessário para aprender a ler e a escrever. 8) Leitura, Interpretação de textos. Materiais utilizados nas intervenções.
Jogos:
    Lince da Graw.
    Descrição do Jogo: composto por um tabuleiro com várias figuras, um saco com as mesmas figuras do tabuleiro em forma de fichas e botões coloridos para os participantes. Cada participante recebe três fichas e cada vez que encontrarem no tabuleiro a figura correspondente deve colocar um dos botões sobre o desenho. Vence a partida o participante que achar primeiro as três figuras.
    Pega-peixes
    Descrição: peixes de plásticos que ficam encaixados num circulo que ao ser acionado fica girando. A boca do peixe, que possui um hima, abre e fecha. O jogo consiste em pegar o número maior possível de peixes com a varinha de plástico (que também possui um hima). Objetivo: trabalha a concentração e principalmente a motricidade fina. Sendo que a última tem papel fundamental no desenvolvimento da escrita. Objetivos: trabalhar a motricidade fina e visual, agilidade, concentração e memória. “Stop” descrição: produzido pela estagiária e pela paciente. Material: papel e caneta ou papel e lápis. Escrever o mais rápido possível os tópicos do jogo (nome, animal, objetos e outros). Vence quem conseguir escrever e lembrar-se de mais palavras. Objetivos: trabalhar a escrita, concentração, leitura e memória. Letras Descrição: peças quadradas de madeira com letras pintadas. Podem ser criadas várias brincadeiras com este material.
À Hora do Ruch descrição: jogo que constitui um baralho com posições que os carrinhos devem ficar no tabuleiro. O carrinho vermelho deverá sair da posição seguindo indo apenas para frente à para traz, sem pular de caminho. Objetivo: trabalha a concentração, raciocínio lógico e a motricidade fina. Tabuada Descrição jogo composto por duas roletas com números para serem multiplicadas, peças redondas, de borrachas coloridas cada cor representando unidades, dezenas e centenas. Cada participante deve rolar as duas roletas e multiplicar os números apontados pelas setas. Ao verificar o resultado deve pegar a quantidade de bolinhas que representam unidade, dezenas ou centena. Exemplo: Cinco vezes o cinco é vinte e cinco, então o participante deverá pegar duas dezenas e cinco unidades. Quando alcançar dez unidades, troca às bolinhas por uma dezena, quando alcançar dez dezenas troca por uma bolinha de centena. Vence o que tiver mais centenas ao final do. O atendimento individual para Jonas será trabalhado com brincadeiras e jogos, o objetivo é de fortalecer o vínculo afetivo com a psicopedagoga e também algumas possibilidades de trabalho para desenvolver algumas habilidades que ele necessita como: classificação/ dicotomia/ expressão oral/ organização do pensamento/ memória/ atenção, através de conversas e consignas. Ele ficará constante nos atendimentos para serem esgotadas todas as possibilidades de aprendizagem, ou seja, fazer com que a aprendizagem da criança seja sempre cada vez maior. Num primeiro encontro familiarizar-se um pouco com a criança, com uma questão aberta, explicando toda essa situação, apresentar os materiais que fazem parte dos atendimentos, estimulando-a a falar livremente e acompanhar descobrindo um pouco mais sobre o que gosta de fazer, etc. Após deixar manusear o jogo descobrir o que faz parte desse jogo e tentar ver se conhece se sabe jogar, se não sabe levar a ele a pensar e descobrir como jogar, como fazer para aprender a jogar e assim com ele ir descobrindo e lendo as regras, proporcionando a familiarização com esse instrumento. A cada atendimento sempre procurar desafios para ela superar e assim, fazendo a intervenção de acordo com o que ela vai apresentando e interagindo com a psicopedagoga.

     Psicopedagogia e dificuldades de aprendizagem

   A Psicopedagogia surge de uma necessidade de entender e solucionar as dificuldades de aprendizagem. Durante muito tempo, a criança que tivesse alguma dificuldade de aprendizagem não era respeitada em seu processo de construção do conhecimento, sofrendo preconceitos e, muitas vezes, sendo encaminhada para escolas especiais. Buscando modificar essa realidade “a Psicopedagogia surgiu na fronteira entre a Pedagogia e a Psicologia, a partir das necessidades de atendimento de crianças com ‘distúrbios de aprendizagem’, considerada inaptas dentro do sistema educacional convencional”.
  Há muito tempo, vêm-se estudando os problemas de aprendizagem apresentados pelas crianças durante seu processo de construção do conhecimento. Com o passar do tempo e com os estudos realizados, podemos perceber, a partir de novas teorias, a compreensão de que essas dificuldades podem ser expressas pelo sujeito de diversas formas e por várias causas.
  A Psicopedagogia, por exemplo, refere que a dificuldade de aprendizagem é um sintoma que surge a partir da dinâmica de relações entre o sujeito e o meio familiar e social em que vive , podendo também ser explicada pela inadaptação da prática escolar às necessidades do aluno, ou seja, os chamados processos reativos. A Psicopedagogia se apresenta com um caráter multidisciplinar devido à complexidade dos problemas de aprendizagem -, que busca conhecimento em diversas outras áreas de conhecimento, além da psicologia e da pedagogia. É necessário ter noções de linguística, para explicar como se dá o desenvolvimento da linguagem humana e sobre os processos de aquisição da linguagem oral e escrita. Requerem também, conhecimentos sobre o desenvolvimento neurológico, sobre suas disfunções que acabam dificultando a aprendizagem; de conhecimentos filosóficos e sociológicos, que nos oferece o entendimento sobre a visão do homem, seus relacionamentos a cada momento histórico e sua correspondente concepção de aprendizagem. Portanto, o psicopedagogo deverá ter um embasamento teórico para o desenvolvimento de sua função. Assim sendo, a psicopedagogia  se propõe a integrar, de modo coerente, conhecimentos e princípios de distintas ciências humanas, objetivando adquirir uma ampla compreensão sobre os variados processos inerentes ao aprender.
Não existe ensinar sem aprender e com isto eu quero dizer mais do que diria se dissesse que o ato de ensinar exige a existência de quem ensina e de quem aprende. (FREIRE, 1993).


  Contribuições da Psicopedagogia na prevenção das dificuldades de aprendizagem

    A Psicopedagogia Institucional preocupa-se com a instituição escolar e com a prevenção das dificuldades de aprendizagem. A criança que apresenta dificuldades de aprendizagem não consegue aprender ou sua aprendizagem é dificultada devido a fatores internos ou familiares, aparecendo como sintoma de algum conflito individual ou no relacionamento familiar ou uma inibição, na qual o sujeito não consegue nem sequer aproximar-se do objeto de conhecimento, ou fatores externos ao sujeito aparecendo como um processo reativo à instituição escolar (passividade, indisciplina).
   No método clínico, o psicopedagogo intervém no processo educativo, buscando investigar o desenvolvimento psicológico, e, também, procura conhecer a forma como o indivíduo organiza sua estrutura intelectual.
    Segundo Paín (1985) há duas condições que possibilitam a aprendizagem, as externas que indicam o ambiente que este aluno está inserido e as internas que estão relacionadas com a subjetividade do sujeito. É necessário que o professor tenha um olhar crítico e investigativo em relação aos seus alunos, percebendo cada sujeito como individual e fruto de uma história que contribui para a construção de seus vínculos, significados e constituição da modalidade de aprendizagem. Desta forma, se faz necessário perceber que cada grupo de alunos constitui uma identidade, um conjunto de sujeitos diferentes que constituem outra história e uma modalidade de interações, de significados e relações de aprendizagem.
  Todas as aprendizagens da criança partem dessas experiências corporais e afetivas, tendo o jogo, um papel crucial no desenvolvimento da criança. Piaget (1992) afirma que para que a criança construa algum conhecimento, é necessário que este tenha significado para ela. Paín (in PARENTE, 2000, p.19) afirma: “temos que tornar o terreno o mais fértil possível a partir de sensações corporais e afetivas.”, ou seja, temos que significar as aprendizagens da criança.
   A criança é um ser único e social, que têm uma história, necessidades e desejos distintos e estes devem ser respeitados, sem se esquecer da principal necessidade da criança, que é a interação e trocas com o meio social. Essas trocas sejam com adultos ou crianças, são indispensáveis para o desenvolvimento da criança.

O papel da Neuropsicologia e a sua contribuição para a psicopedagogia
     Consideramos a Neuropsicologia como a ciência que tem por objeto o estudo das relações entre as funções do sistema nervoso e o comportamento humano (Luria, l966). Através dela podemos compreender os processos mnêmicos, perceptivos, de aprendizado e de solução de problemas, dentre outras atividades cognitivas. O interesse pelo estudo dos mecanismos da atividade cerebral nos levou a buscar subsídios nas obras de um respeitado clássico da literatura neuropsicológica - Alexandre Romanovich Luria (l902-l977). Segundo ele, a investigação neuropsicológica permite conhecer a estrutura interna dos processos psicológicos e da conexão interna que os une. Ela também nos possibilita realizar um exame pormenorizado das alterações que surgem nos casos de lesões cerebrais locais, assim como as maneiras pelas quais os processos psicológicos são alterados por essas lesões. A contribuição deste exame também é extensiva ao processo ensino aprendizagem em geral, pois nos permitem estabelecer algumas relações entre as funções psicológicas superiores - linguagem, atenção, memória, etc. - e a aprendizagem simbólica (conceitos, escrita, leitura, etc.), ou seja, o modelo neuropsicológico das dificuldades da aprendizagem preocupa-se em reunir uma amostra de funções mentais superiores envolvidas na quais estão, obviamente, correlacionadas com a organização funcional do cérebro. Sem essa condição, a aprendizagem não se processa normalmente e, neste caso, podemos nos deparar com uma disfunção ou lesão cerebral. Hoje a Neuropsicologia busca investigar as funções cerebrais superiores a partir do comportamento cognitivos, sensoriais, motor, emocional e social do sujeito. Ela também pode ser descrita como a análise sistemática dos distúrbios de comportamento, que se seguem a alterações da atividade cerebral normal, causadas por doenças, lesões ou malformações do desenvolvimento e funcionamento normal do cérebro que se podem compreender alterações cerebrais, como no caso de disfunções cognitivas e do comportamento resultante de lesões, doenças ou desenvolvimento anormal do cérebro. Dessa forma busca localizar as lesões cerebrais, responsáveis pelos distúrbios específicos de comportamento e permitir uma melhor compreensão das funções psicológicas e as interações (Cérebros-comportamentais). Ao fornecer subsídios para investigar a compreensão do funcionamento intelectual da criança, em nosso caso, a Neuropsicologia pode instrumentar diferentes profissionais, tais como médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, psicopedagogo, etc.; promovendo uma intervenção terapêutica mais eficiente. A intervenção neuropsicológica permite a habilitação da percepção (função do cérebro que dá significado a tudo o que é recebido pelos órgãos dos sentidos); atenção; concentração; memória; criatividade; orientação espacial; comunicação.

A psicanálise e sua contribuição para a psicopedagogia no processo ensino-aprendizagem

O estudo da Psicanálise que é um método de tratamento psíquico e de investigação do inconsciente desenvolvido por Sigmund Freud (1896). Foi com base em suas observações clínicas, Freud constatou que o desenvolvimento da personalidade da criança e do adolescente ocorre devido às pulsões sexuais e, ainda, que estas, pelo fato mesmo de a criança estar em fase de desenvolvimento, são parciais. Temos assim as seguintes pulsões parciais: oral, anal, fálica, de latência e genital. As principais contribuições da Psicanálise a Psicopedagogia abrangem fundamentalmente o funcionamento e a dinâmica da estrutura da personalidade, o modo como cada indivíduo lida com seus impulsos e desejos (função do id), a maneira que cada aprendiz lida com a percepção de si (função ecóica), o modo como a criança, o adolescente ou o adulto lida com seus objetos internos, o modo como cada pessoa valoriza ou não seus objetos internos (função super ecóica) e a maneira como valoriza e aproveitam seus valores adquiridos de seus pais, professores. A Psicanálise auxilia o psicopedagogo a dar um significado maior ao vínculo e à relação com o indivíduo que ele atua. Na prática educativa o conhecimento dessas causas que originam as inter relações às atitudes e as ações do aluno pode ser utilizada pelo professor para compreensão desse aluno e para um melhor relacionamento com ele e que traz benefícios ao desenvolvimento e à aprendizagem. O psicopedagogo precisa estar atento para perceber que tipo de metodologia deverá utilizar em cada cliente. Para isso é importante analisar o vínculo que estabelecemos com cada paciente, suas necessidades e a maneira de trabalhar que combina melhor com suas características individuais e/ou sociais. 



















CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dos atuais problemas escolares apresentados pelos alunos, nas escolas, muito tem se falado com relação à dificuldade de aprendizagem, indisciplina, timidez, agressividade, problemas emocionais, problemas cognitivos, sociais e biológicos. E então é necessário investigar todos os aspectos que possam estar contribuindo de alguma forma para a problemática, a fim de intervir da melhor maneira possível, fazendo uma avaliação diagnóstica.
E por isso é muito importante a atuação do psicopedagogo, sabendo sobre esse diagnóstico, fazer uma reflexão, para saber qual a melhor forma de intervenção necessária para trabalhar com esse meu paciente, usando os recursos e recorrendo a várias estratégias, objetivando-se a ajudar a criança a superar suas dificuldades.
E os atendimentos têm se mostrado bastantes eficientes no sentido de se atingir tal objetivo. Estes se constituem em encontros de caráter lúdico individual ou em grupos de crianças, onde são realizados jogos, brincadeiras, produções artísticas, contagem de histórias e outras atividades que permitam a expressão da criança e que forneçam possibilidade de análise e desenvolvimento de habilidades que a criança necessite estar sendo desenvolvida de acordo com a avaliação diagnóstica.











REFERÊNCIAS
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BARBOSA, L. M. S. Caixa de trabalho uma ação Psicopedagógica proposta pela Epistemologia Convergente, in Psicopedagogia e Aprendizagem. Coletânea de reflexões. Curitiba, 2002.
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BOSSA, N. A. A. Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre, Artes Médicas, 2000.
OLIVEIRA, M.A.C. Psicopedagogia: a instituição em foco. Curitiba, Ibepex, 2005.
PAIN, S. Diagnóstico e Tratamento e os Problemas de Aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 1985. Reimp. 2008.
FERNÁNDEZ, A. O Saber em jogo: a psicopedagogia propiciando autorias de pensamento. Porto Alegre: Artmed, 2001.
PAIN, S. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 1992.
PIAGET, Jean. A equilibração das estruturas cognitivas: problema central desenvolvimento. Rio de Janeiro: Zahar. 1976.
VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
WEISS, M. L. Reflexões sobre o diagnóstico psicopedagógico. In: BOSSA, N.A. Psicopedagogia no Brasil. Porto Alegre: Artmed, 2000.
Aprendizagem. Caderno CEDE, Campinas, n. 28, p. 31-48, 1993.
FERNANDEZ, Alícia. A inteligência aprisionada. Tradução: Iara Rodrigues. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.
FONTANA, Roseli A. C.; DA CRUZ, Maria Nazaré: Psicologia e Trabalho





 

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